Texto e arte: Diego Kern Lopes

14.7.10

Ultra-sobriedade


A ultra-sobriedade paralisou nossos músculos. Ficamos perplexos. Nossos olhos não estavam arregalados apenas fixos. Era o todo. E o todo foi simples, direto, curto,... rápido. Atravessou-nos de uma só vez. Como uma agulha. Uma agulha fina e curta. Trazia consigo o medo, o pavor, o pânico do todo. Isto nos destroçou. Necrosou-nos aos poucos. Sem cicatriz. Sem volta. A ultra-sobriedade. A terrível consciência da marcha inexorável. O todo se tornou nada. Tentamos nos tocar. Não deu. Não fazia mais sentido. O pânico absoluto. Precisamos acabar com nossos sentimentos. Precisamos acabar com nossos sofrimentos. Nossos olhos ainda fixos. Aos poucos não sentimos mais nada. Era o fim que não chega. A espera sem sentindo. O todo estava vazio? Sem imagens, sem palavras, sem pensamentos. Éramos pedras agora. Pedras de carne e sangue frio. Tentamos nos olhar. Não nos víamos mais. O todo agora estava vazio.

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