Ali estou eu. Aqui estou eu. Começou há mais ou menos vinte minutos. Dei-me conta de que falo e não digo nada. Dei-me conta de que ouço e não escuto nada. Descobri, há mais ou menos vinte minutos, a mais absurda solidão. A mais absoluta solidão. Meus amigos estão todos mortos. Minha família está toda morta. Sou cercado por sombras e imagens do que não existe mais. O passado fingiu-se vivo nestas complexas animações. Tudo mudou. Não tenho mais o mesmo sono. Não posso mais ter o mesmo sono. Recorro às drogas. O prazer virou necessidade. A inconsciência dos sonhos, quando não sedada, castiga-me a cada novo despertar. Adestro meu id com uma, duas, três garrafas por noite. Foi a solução para suportar a tristeza. Foi a solução para destruir as construções prazerosas. Somente assim, garanto as condições de existência desta realidade sobre a onírica.
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