Texto e arte: Diego Kern Lopes

18.1.11

V O X



















Sob aquela ponte vive uma voz, que diz:
Visito-te todas as noites quando teu quarto está escuro.
Fico no canto.
Onde três ângulos nascem da junção das duas paredes e do teto.
Fico ali.
Descanso ali.
Sei que tu tentas me ver.
Espremendo teus olhos dentro da escuridão.
Buscas ajuda na claridade que vem da rua e faz nascer a penumbra  em torno de ti.
Até visualizas o ípsilon que as três linhas formam neste meu canto.
Acompanha-as até se diluírem perante tua razão.
Infinitas vezes em poucos segundos.
Mas não adianta.
O centro onde fico continua secreto.
Eu continuo secreto.
Tentas mais duas ou três infinitas vezes até que, abandonada pela paciência, acendes a luz.
 Tarde demais.
Já não estou mais ali.
Estou, agora, atrás dos teus olhos,
rindo de ti.

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