Tem dias que nada parece dar certo. Tem dias que parece que o “final finalmente” chegou. Tem dias que a realidade se transforma e se ergue na nossa frente. Ela não é cruel, é crua.
Tem dias que todos os sonhos nos abandonam. Todas as esperanças. Todas as fantasias.
Tem dias que não conseguimos fazer nada direito. Tudo perde o sentido, tudo perde o brilho. Acaso, destino? Sei que tem dias que tomamos tapas na cara do alvorecer até o anoitecer, e se ficarmos dando sopa, tomamos outros até o próximo amanhecer.
Tem dias que tudo, absolutamente tudo, se torna difícil. Dias onde a sensação constante é de que fizemos tudo errado e agora parece ser tarde demais. Como são intermináveis esses dias! Dias onde ouvimos absurdos dos maiores babacas! Dias em que até a raiva nos abandona. Dias em que não achamos resposta à altura. Dias onde a cretinice, o cotidiano, o comum e o medíocre conseguem se unir para finalmente nos afogar. Dias em que o ar falta e mesmo assim não reagimos. Dias em que a única vontade é a de deixar cair-se de frente numa cama e ficar olhando infinitamente para o chão. Dias onde parece que tudo que se falou foi mastigado pelo vento e não chegou a ouvido algum.
Tem dias que nada faz algum sentido.
Tem dias, e estes são muito tristes, onde sentimos que fizemos e demos nosso melhor e isso não foi suficiente, ficou longe do suficiente. Que apesar de todo esforço e alegria faltou-nos asas ficando o chão como nosso único presente.
Tem dias que nós mesmos nos abandonamos, e são nestes dias em que mais sinto medo.